Diárias de hotéis com preços abusivos e alimentos são as
principais reclamações
Copa das Confederações
termina neste domingo (30) e o turismo, um dos setores no qual mais se esperava
resultados vantajosos para o Brasil, acabou decepcionando. O mau desempenho do
setor durante o torneio é fruto dos altos preços cobrados em serviços
considerados básicos numa viagem, como a hospedagem e alimentação.
Segundo
uma pesquisa realizada pelo próprio InstitutoBrasileiro de Turismo
(Embratur), órgão vinculado ao Ministério do Turismo, nas seis cidades-sede do
torneio preparatório para a Copa do Mundo, as diárias de hotéis sofreram um
aumento de até 66%. Os preços são comparados com o que será cobrado no próximo
mês de julho, quando a Copa das Confederações já estiver terminada. O estudo
foi baseado em quartos para duas pessoas adultas.
Turista
bate foto no Arpoador: ocupação abaixo da expectativa
A
capital Brasília foi a campeã no quesito de inflacionar as diárias de hotéis.
Lá, na média geral entre os quartos pesquisados, uma estadia saltou de R$ 283
para R$ 449, um aumento de 66%. Belo Horizonte ficou com a segunda colocação
com uma elevação na tarifa na ordem de 47%; na média entre os hotéis
pesquisados, o aumento na capital mineira foi de R$ 265 para R$ 372. Já o Rio
de Janeiro, talvez de forma surpreendente, ficou em último lugar na
pesquisa da Embratur com apenas 7% de aumento na média dos hotéis pesquisados,
que subiram de R$ 423 para R$ 453. Fortaleza teve um aumento de apenas 10% na
média geral. No entanto, um dos hotéis pesquisados no estudo da Embratur
praticamente dobrou a diária. A elevação nesta hospedagem específica da capital
cearense foi de 97%, passando de R$ 216 para R$ 425.
Os números dessa pesquisa também levam em consideração alguns
preços que serão cobrados pelos mesmos hotéis na Copa do Mundo do ano que vem.
Os dados indicam que os preços das diárias poderão aumentar de 200% a 300%
durante a realização do mundial.
Mesmo
com alguns hotéis cobrando preços abusivos, o presidente da Associação
Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH), Enrico Torquato, comemora o desempenho do setor hoteleiro
durante a Copa das Confederações: “A própria Fifa, desde o princípio, não
colocou grandes expectativas no setor turístico durante a Copa das
Confederações por conta do histórico natural dela, que mais é de um público
local, regional, do que de vinda de turistas estrangeiros. Mesmo assim, o saldo
foi positivo para a hotelaria. Quando o país foi escolhido como sede, em 2007,
a Fifa veio ao Brasil e assinou 840 pré contratos com hotéis associados à ABIH;
desses, 736 foram reafirmados para este torneio. Em relação aos preços
cobrados, está tudo dentro dos limites dos reajustes do que foi acordado lá em
2007, nos parâmetros de um torneio como a Copa do Mundo”.
Ainda de acordo com o presidente da ABIH, o que deve ser
feito para garantir o bom andamento do setor hoteleiro para a realização do
mundial de 2014 é “coibir os casos pontuais onde haja aumento excessivo na
cobrança da tarifa das diárias e focar na conscientização dos hotéis associados
de que o maior legado não é financeiro”. Segundo Torquato, não houve nenhuma
denúncia de excessos durante a Copa das Confederações.
Outro
setor que também desagrada aos turistas é o alimentício. Em pesquisa
divulgada pelo Ministério do Turismo nesta sexta-feira (28), a grande maioria
dos turistas da Copa das Confederações avaliou como ruim ou muito ruim as
comidas vendidas dentro dos estádios devido ao seu alto custo. As refeições
fora dos estádios também foram alvo de críticas dos turistas.
Gastão
Vieira: “Impossível falar em mau desempenho”
Em
entrevista concedida ao Jornal
do Brasil, via e-mail, o ministro do
Turismo, Gastão Vieira, rechaçou que a Copa das Confederações tenha sido um
fracasso para o setor. Segundo ele, “a Copa das Confederações é um torneio
local, com 97% de público doméstico. Isso vale para o Brasil e para outros países-sede,
como África do Sul e Alemanha, portanto, não houve surpresas quanto ao
desempenho do setor”. O ministro ainda argumentou que a venda de ingressos para
o torneio no Brasil foi recorde para uma Copa das Confederações: “800 mil,
segundo a Fifa”.
Levando como base a Copa das Confederações, Gastão Vieira
acredita que apenas serviços pontuais precisam de melhorias para a Copa: “A
Copa das Confederações e a Copa do Mundo têm características distintas. O
caráter internacional deste último torneio e o grande número de cidades-sede
exigem infraestrutura adicional, como a conclusão das obras de sinalização e
estrutura viária, e treinamento de pessoal que não são demandados pela Copa das
Confederações. As obras estão em curso, de acordo com a Matriz de Responsabilidade
da Copa, e as pessoas estão sendo capacitadas pelo Pronatec Copa, programa de
qualificação profissional do Ministério do Turismo que visa treinar 240
mil pessoas até 2014.
Ainda de acordo com o ministro, “a estimativa para a Copa das
Confederações é que o Brasil tenha recebido cerca de 20 mil turistas
estrangeiros. Já para a Copa do Mundo a expectativa é que sejam 600 mil
visitantes de outros países”. Sobre a alta dos preços das diárias de hotel,
Gastão Vieira diz que os “preços de hotel têm picos durante períodos de demanda
elevada em qualquer lugar do mundo; isso é natural”, mas reconhece que o preços
abusivos afastam os turistas.
Fonte:
Jornal do Brasil
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