Turismo brasileiro tem que aproveitar visibilidade da Copa, diz ministro
Gastão Vieira, Ministro do Turismo.
O setor turístico do Brasil tem que aproveitar a Copa do
Mundo do próximo ano, evento que colocará "todos os olhos do planeta sobre
o país", declarou nesta quarta-feira em entrevista à Agência Efe o
ministro brasileiro de Turismo, Gastão Vieira.
"Será uma oportunidade única e irrepetível",
disse Vieira sobre o impacto que a grande reunião do futebol pode ter sobre o
setor turístico de um país com enorme potencial, mas que ainda não consegue
superar a marca de 5,6 milhões de visitantes estrangeiros por ano.
Esse número é similar ao número de visitantes anuais da
Argentina, mas é pouco para as dimensões e o potencial do Brasil, que segundo
Vieira tem como meta 7,5 milhões de turistas estrangeiros para 2016, quando o
Rio de Janeiro será sede dos Jogos Olímpicos.
A reunião olímpica, que será realizada pela primeira vez na
América do Sul, dará sequência à visibilidade que o país começará a ter com o
Mundial de 2014, mas Vieira esclareceu que o Governo agora trabalha em função
das prioridades.
"A primeira, sem dúvidas, é o Mundial", apontou o
ministro, embora tenha admitido que ainda resta muito por fazer para conseguir
o objetivo de que o estrangeiro "seja tratado como único desde o momento
de sua chegada ao Brasil, até que embarque de volta para seu país".
Nesse sentido, Vieira reconheceu que ainda faltam concluir
obras em vários aeroportos das 12 cidades sedes do Mundial, que as empresas
aéreas do país enfrentam dificuldades financeiras produto da crise global e que
a rede hoteleira tem problemas que ainda não foram resolvidos.
No entanto, o ministro expressou plena confiança em que os
aeroportos e as companhias aéreas estarão em "plena capacidade" de
atender aos 600 mil estrangeiros que são esperados para o Mundial e os 3
milhões de brasileiros que deverão circular pelo país durante o evento, que
será realizada entre 12 de junho e 13 de julho de 2014.
Em relação à rede hoteleira, além das dúvidas que existem
sobre sua capacidade em algumas das 12 sedes do Mundial, Vieira também
reconheceu que "preocupa" a possibilidade de que se repitam os focos
especulativos que houve em outros eventos realizados no país.
Como exemplo, o ministro citou o ocorrido no ano passado,
nas vésperas da Conferência da ONU sobre o Desenvolvimento Sustentável Rio+20,
que foi realizada no Rio de Janeiro e à qual várias delegações estrangeiras
ameaçaram não comparecer pelos preços abusivos dos hotéis.
A situação finalmente foi resolvida e os preços se
adequaram à realidade, mas mesmo assim Vieira admitiu que o Governo está
"preocupado" com a possibilidade da especulação se repitir, por isso
que seu escritório já mantém um "diálogo constante" com o setor
hoteleiro.
Outro problema nessa área é a qualificação dos hotéis, que
no Brasil não está devidamente regulamentada, o qual faz com que haja
estabelecimentos de cinco estrelas "que não chegariam a três" em
outros países, admitiu.
Há três anos, o Governo tentou pôr ordem e anunciou um
plano de requalificação hoteleira baseado nos padrões internacionais, mas não
chegou a realizá-lo.
Vieira explicou que, por obstáculos impostos pela
legislação, a adesão a esse plano "não era obrigatória" e o nível de
resposta dos hotéis dispostos a passar por essa nova avaliação "foi
ridículo".
Com a aproximação da Copa do Mundo, o Ministério do Turismo
preparará uma guia própria que será distribuída entre os turistas e avaliará os
hotéis segundo qualificações internacionais, embora Vieira tenha esclarecido
que isso não alterará o número de estrelas atribuídas, por isso que só servirá
como "orientação".
Apesar do Brasil pretender usar os eventos esportivos para
melhorar sua posição como destino internacional, Vieira também afirmou que o
setor turístico do país tem uma "enorme força" em seu poderoso
mercado interno.
O ministro disse à Agência Efe que as melhorias sociais que
permitiram que quase 40 milhões de pessoas saíssem da pobreza na última década,
deram ao turismo interno uma fortaleza que "surpreendeu, surpreende e
surpreenderá".
Como exemplo, Vieira citou dados do ano passado, quando o
número de estrangeiros que visitou o país chegou a 5,6 milhões, enquanto o
turismo interno mobilizou cerca de 60 milhões de brasileiros.
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