*Por Roberto Rocha – Senador da República
(Fotos divulgação internet) |
Baixada a poeira ideológica, desde o anúncio da celebração do
acordo de salvaguardas tecnológicas entre o Brasil e os EUA, têm ficado mais
claro para os maranhenses a necessidade de nos unirmos em torno da Base de
Alcântara, como uma oportunidade única para mudarmos o destino de nossa terra.
A leitura acurada do
acordo afasta algumas preocupações válidas quanto ao uso militar da base, ou
ainda quanto à cessão de território a uma potência estrangeira. Pelo acordo,
simplesmente os Estados Unidos autorizam o Brasil a lançar foguetes e satélites
que contenham partes tecnológicas americanas. Necessário dizer que 80% dos
satélites do mundo utilizam tecnologia americana, seja um parafuso ou chip.
Importante dizer também
que os EUA aplicam 0,21% do PIB na indústria aeroespacial, ou seja, 40 bilhões
de dólares. A Rússia, 3 bilhões, China 3 bilhões, Índia 1,2 bilhão, Argentina
1,2 bilhão e Brasil 0,1 bilhão (0,006% do PIB).
É um acordo usual nesse
empreendimento, uma vez que a defesa norte americana teme que sua tecnologia
seja utilizada para fabricação de mísseis.
É preciso que se diga que
o texto final do acordo foi fechado antes da eleição do presidente Bolsonaro. O
maior mérito do atual governo foi ter dado prioridade máxima ao projeto e ainda
tê-lo entregue às mãos da pessoa certa, o ministro Marcos Pontes, cuja
biografia já é, por si só, uma garantia de equilíbrio e determinação na
condução da operação. A maneira como o ministro vem tocando os preparativos, de
modo límpido e em franco diálogo com todas as correntes políticas, tem sido
fundamental e inspiradora.
No entanto, três pontos
desafiam ainda aqueles que se opõem ao projeto: a restrição de circulação de
brasileiros em áreas especiais, sob controle norte-americano; o veto ao uso dos
recursos do centro de lançamento para o desenvolvimento do veículo lançador
nacional; e a realocação de dezenas de famílias de quilombolas que vivem na
região.
Sobre o primeiro, já ficou
claro que essas áreas especiais são para uso temporário, enquanto a base
abrigar tecnologia de ponta, com segredos industriais. Ainda assim,
brasileiros, em comum acordo com americanos, terão acesso a essas áreas, que
são não mais que uma sala para instalação, montagem, teste e finalização dos
componentes de alta tecnologia que serão embarcados. Uma vez feito o
lançamento, desfaz-se essa área especial. Nada mais natural aliás, nesses
tempos de feroz competição espacial.
Quanto ao veto do uso dos
recursos para o lançamento do veículo nacional, é apenas uma desvinculação
direta, o que não impede que o Brasil use os recursos que quiser, do seu
orçamento, para desenvolver seu lançador.
A terceira questão não diz
respeito ao acordo. É questão de política interna e sensibilidade humanitária
criar possibilidades para dar às comunidades quilombolas condições dignas de
vida e trabalho. Nada mais fácil, aliás, dado o volume de recursos que estará
sendo injetado na economia graças ao uso da base. Eu mesmo fui o primeiro a colocar
emenda parlamentar para comunidades quilombolas de Alcântara e buscar garantir
que uma parte dos recursos da exploração econômica seja destinado a um fundo
social para uso exclusivo das comunidades vulneráveis do Maranhão: quilombolas,
quebradeiras de coco, indígenas, assentados, etc.
E mais, a atual área do
CLA já é suficiente para a operação, pelo menos nos primeiros anos. Ora, se e
quando houver necessidade de ampliar será um bom problema. Significa que a Base
estará a todo vapor e as pessoas receberão casas e equipamentos públicos muito
melhores que os atuais.
É sempre bom lembrar que
Alcântara tem 1.470 km2, maior que a Ilha de São Luís, que abriga quatro
municípios.
Pacificados esses três
pontos, o importante é que os maranhenses saibam o que ganharão com a ativação
da base. Não é apenas uma renda a mais, ou uma economia de enclave em que o
Maranhão sirva de hospedeiro para a riqueza alheia. O melhor exemplo do que
pode acontecer pode ser visto com o desenvolvimento de São José dos Campos, a
partir da inauguração da fábrica da Embraer. Em poucos anos a cidade tornou-se
um pólo de tecnologias que hoje abriga centenas de indústrias inovadoras,
startups, incubadora de empresas, universidades e muito mais. É esse o sonho
que queremos para o Maranhão.
Em muito pouco tempo
Alcântara terá a maior renda per capita do Brasil e da América Latina, a
exemplo do que aconteceu em Kourou, na Guiana Francesa, que tem a mesma
população de Alcântara, ou seja 15.857 euros.
À propósito, sabem quanto
o Brasil pagou para a Guiana Francesa lançar seu único satélite, o SGDC? Foram
125 milhões de dólares.
Hoje no nosso planeta tem
2 mil satélites. Daqui a 10 anos serão 10 mil, a maioria lançado de Alcântara.
Então, imaginem...
Claro que para que isso
seja possível o primeiro passo é haver o entendimento da classe política, para
que possamos atuar como uma frente unida e uníssona em defesa de Alcântara.
Essa união assinalaria que todos os partidos que compõem o espectro político no
Estado desejam e apoiam a Base. Desse modo mandamos o sinal para as
representações partidárias na Câmara e no Senado que esse é um projeto que une
todas as forças políticas, empresariais e acadêmicas do Maranhão.
Deus nos brindou com uma
extensa costa cuja proximidade com a linha do Equador oferece a melhor
capacidade orbital do planeta para o lançamento de satélites. Temos, um de
frente para o outro, o lugar mais alto (Alcântara) e o mais fundo (Porto do
Itaqui). Portanto, a melhor janela para os ares e a melhor porta para os mares.
É um presente de Deus que nunca foi desembrulhado. É hora de mirar o céu e o
mar, ajustando o destino de nossa gente.
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