Escassez de visitantes estrangeiros e
números modestos de viajantes do país decepcionam indústrias de hoteleira e de
serviços - que esperavam lucrar e ainda ensaiar operações para Copa. Foi bom só
para quem atrasou obras nas sedes
De
acordo com os representantes do setor, a baixa procura é preocupante não só
pela perda de uma boa oportunidade de aumentar as receitas como também pelo
desperdício de uma chance de ouro para ensaiar o atendimento aos torcedores
para o Mundial.
O
governo calcula que o Brasil receberá cerca de 600.000 turistas na Copa de
2014, um contingente grande o bastante para fazer o setor se desenvolver - e
conseguir, enfim, que o país suba nos rankings de principais destinos do
planeta (hoje, é apenas o 42º país mais visitado do mundo, atrás de lugares
como Vietnã, Bulgária e Romênia). A Copa das Confederações, porém, deverá
contribuir muito pouco para que o país alcance esse objetivo. De acordo com
números divulgados pela Fifa, a procura por ingressos para o torneio entre os
estrangeiros é bastante pequena - menos de 3% dos bilhetes já vendidos foram
para torcedores do exterior. A venda de ingressos para moradores de outros
estados brasileiros também não chega a empolgar: menos de um quarto do público
presente aos estádios no torneio será formado por visitantes do próprio país.
Os dados confirmam as previsões mais pessimistas dos empresários da área, que
já diziam temer um mês decepcionante. Quando as seis cidades-sede foram
confirmadas, os setores hoteleiro e de serviços esperavam lucrar com o torneio
e ainda aproveitar para treinar seus funcionários para o ano que vem. No ensaio
geral para a Copa, o turismo brasileiro não conseguirá avaliar seu grau de
prontidão.
Entre
as seis sedes da competição, a cidade que mais deverá lucrar é Fortaleza, que
tem pouco menos de 5% de ingressos destinados a turistas estrangeiros - ainda
assim, um número bastante baixo. Pior mesmo é a situação de Brasília. Como tem
apenas uma partida no torneio - a de abertura, no dia 15, entre Brasil e Japão
-, a capital federal vendeu só 0,6% dos ingressos para torcedores do exterior.
O Rio de Janeiro é o destino mais procurado por visitantes de outros estados:
31% das entradas para as partidas no Maracanã foram compradas por torcedores do
resto do país. Nesse quesito, a cidade menos beneficiada é Belo Horizonte, que
deu azar no sorteio dos grupos e ficou com partidas pouco empolgantes para os
fanáticos por futebol. Só 16,6% dos compradores de ingressos para as partidas
entre Japão e México e Taiti e Nigéria são de fora de Minas Gerais. Conforme o
balanço divulgado pela Fifa no fim do mês passado, cerca de 640.000 ingressos
já tinham sido vendidos para o torneio.
Quartos
vazios - Com base nesse número, a projeção de turistas
nas seis sedes é baixa. Cerca de 150.000 bilhetes foram obtidos por brasileiros
de outros estados. Pouco mais de 18.000 ingressos estão nas mãos dos
estrangeiros. Hotéis, agências, bares e restaurantes das cidades-sede já tinham
constatado que o torneio não caiu no gosto do turista antes mesmo que a Fifa
divulgasse esses números. No mês passado, representantes do setor de turismo
lamentavam a baixa procura por reservas nas capitais envolvidas na competição.
Em Brasília, por exemplo, a expectativa da rede hoteleira local é de que o fim
de semana da abertura da Copa das Confederações supere a média da cidade, mas
não por muito. Até o mês passado, cerca de 45% dos leitos estavam com reservas
confirmadas (em que os interessados já efetuaram o pagamento). A expectativa é
de que os hotéis fiquem com cerca de 70% de lotação. No Rio de Janeiro, palco
da grande final e cidade onde fica o maior estádio da competição (o novo
Maracanã tem cerca de 78.000 lugares), pouco mais da metade dos quartos estavam
reservados até a semana passada.
Belo Horizonte tinha apenas 30% de leitos reservados. Os empresários mineiros torcem para que a seleção brasileira avance para a semifinal em primeiro lugar de seu grupo, o que levaria a equipe de Luiz Felipe Scolari à cidade no dia 26 e ajudaria a salvar o mês para o setor. Se Minas Gerais lamenta a falta de sorte na distribuição das partidas - Taiti x Nigéria é, disparado, o jogo com maior número de ingressos encalhados -, na Bahia a sensação é de que a própria Copa das Confederações não conseguiu atrair o interesse do turista. Afinal, a cidade foi premiada no sorteio das chaves com um clássico internacional, Brasil x Itália, no dia 19. Mesmo com ingressos quase esgotados para a partida, ainda há vagas nos hotéis de Salvador, onde a associação hoteleira local admite ter criado uma "falsa expectativa" para o evento. Ainda no Nordeste, Fortaleza prevê lotação máxima apenas no dia em que a seleção estará na cidade (enfrenta o México no Castelão, na quarta-feira 19) e o Recife prevê um aumento inferior a 10% em relação à ocupação média dos leitos.
Belo Horizonte tinha apenas 30% de leitos reservados. Os empresários mineiros torcem para que a seleção brasileira avance para a semifinal em primeiro lugar de seu grupo, o que levaria a equipe de Luiz Felipe Scolari à cidade no dia 26 e ajudaria a salvar o mês para o setor. Se Minas Gerais lamenta a falta de sorte na distribuição das partidas - Taiti x Nigéria é, disparado, o jogo com maior número de ingressos encalhados -, na Bahia a sensação é de que a própria Copa das Confederações não conseguiu atrair o interesse do turista. Afinal, a cidade foi premiada no sorteio das chaves com um clássico internacional, Brasil x Itália, no dia 19. Mesmo com ingressos quase esgotados para a partida, ainda há vagas nos hotéis de Salvador, onde a associação hoteleira local admite ter criado uma "falsa expectativa" para o evento. Ainda no Nordeste, Fortaleza prevê lotação máxima apenas no dia em que a seleção estará na cidade (enfrenta o México no Castelão, na quarta-feira 19) e o Recife prevê um aumento inferior a 10% em relação à ocupação média dos leitos.
De
acordo com os representantes do setor, a baixa procura é preocupante não só
pela perda de uma boa oportunidade de aumentar as receitas como também pelo
desperdício de uma chance de ouro para ensaiar o atendimento aos torcedores
para o Mundial. Mesmo nas cidades mais acostumadas a receber turistas, como
Salvador, Rio e Fortaleza, o contato com o público estrangeiro de futebol - que
não tem exatamente os mesmos hábitos do turista comum - seria um bom teste a um
ano da Copa. Quase todo mundo saiu perdendo - alívio, só para as autoridades
estaduais e municipais que atrasaram as obras de infraestrutura, como os
projetos de mobilidade urbana e as melhorias no aeroportos. Para eles, a
escassez de turistas veio a calhar, já que suas cidades escaparão de maiores
constrangimentos até a chegada do Mundial.
Quem comprou ingressos para a Copa das Confederações
SEDE
|
MORADORES
DAS SEDES |
BRASILEIROS
DE
OUTROS ESTADOS |
VISITANTES
ESTRANGEIROS |
Belo Horizonte
|
80,3%
|
16,6%
|
3,1%
|
Brasília
|
80,7%
|
18,7%
|
0,6%
|
Fortaleza
|
69,3%
|
26,1%
|
4,7%
|
Recife
|
84,5%
|
13,4%
|
2,1%
|
Rio de Janeiro
|
65,3%
|
31,1%
|
3,6%
|
Salvador
|
74,2%
|
24,3%
|
1,5%
|
TOTAL
|
73,6%
|
23,5%
|
2,9%
|
Fonte:Veja.abril
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