ALEMA

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sexta-feira, 7 de junho de 2013

No ensaio geral para 2014, setor de turismo não é testado

Escassez de visitantes estrangeiros e números modestos de viajantes do país decepcionam indústrias de hoteleira e de serviços - que esperavam lucrar e ainda ensaiar operações para Copa. Foi bom só para quem atrasou obras nas sedes

De acordo com os representantes do setor, a baixa procura é preocupante não só pela perda de uma boa oportunidade de aumentar as receitas como também pelo desperdício de uma chance de ouro para ensaiar o atendimento aos torcedores para o Mundial.
O governo calcula que o Brasil receberá cerca de 600.000 turistas na Copa de 2014, um contingente grande o bastante para fazer o setor se desenvolver - e conseguir, enfim, que o país suba nos rankings de principais destinos do planeta (hoje, é apenas o 42º país mais visitado do mundo, atrás de lugares como Vietnã, Bulgária e Romênia). A Copa das Confederações, porém, deverá contribuir muito pouco para que o país alcance esse objetivo. De acordo com números divulgados pela Fifa, a procura por ingressos para o torneio entre os estrangeiros é bastante pequena - menos de 3% dos bilhetes já vendidos foram para torcedores do exterior. A venda de ingressos para moradores de outros estados brasileiros também não chega a empolgar: menos de um quarto do público presente aos estádios no torneio será formado por visitantes do próprio país. Os dados confirmam as previsões mais pessimistas dos empresários da área, que já diziam temer um mês decepcionante. Quando as seis cidades-sede foram confirmadas, os setores hoteleiro e de serviços esperavam lucrar com o torneio e ainda aproveitar para treinar seus funcionários para o ano que vem. No ensaio geral para a Copa, o turismo brasileiro não conseguirá avaliar seu grau de prontidão.
Entre as seis sedes da competição, a cidade que mais deverá lucrar é Fortaleza, que tem pouco menos de 5% de ingressos destinados a turistas estrangeiros - ainda assim, um número bastante baixo. Pior mesmo é a situação de Brasília. Como tem apenas uma partida no torneio - a de abertura, no dia 15, entre Brasil e Japão -, a capital federal vendeu só 0,6% dos ingressos para torcedores do exterior. O Rio de Janeiro é o destino mais procurado por visitantes de outros estados: 31% das entradas para as partidas no Maracanã foram compradas por torcedores do resto do país. Nesse quesito, a cidade menos beneficiada é Belo Horizonte, que deu azar no sorteio dos grupos e ficou com partidas pouco empolgantes para os fanáticos por futebol. Só 16,6% dos compradores de ingressos para as partidas entre Japão e México e Taiti e Nigéria são de fora de Minas Gerais. Conforme o balanço divulgado pela Fifa no fim do mês passado, cerca de 640.000 ingressos já tinham sido vendidos para o torneio.
Quartos vazios - Com base nesse número, a projeção de turistas nas seis sedes é baixa. Cerca de 150.000 bilhetes foram obtidos por brasileiros de outros estados. Pouco mais de 18.000 ingressos estão nas mãos dos estrangeiros. Hotéis, agências, bares e restaurantes das cidades-sede já tinham constatado que o torneio não caiu no gosto do turista antes mesmo que a Fifa divulgasse esses números. No mês passado, representantes do setor de turismo lamentavam a baixa procura por reservas nas capitais envolvidas na competição. Em Brasília, por exemplo, a expectativa da rede hoteleira local é de que o fim de semana da abertura da Copa das Confederações supere a média da cidade, mas não por muito. Até o mês passado, cerca de 45% dos leitos estavam com reservas confirmadas (em que os interessados já efetuaram o pagamento). A expectativa é de que os hotéis fiquem com cerca de 70% de lotação. No Rio de Janeiro, palco da grande final e cidade onde fica o maior estádio da competição (o novo Maracanã tem cerca de 78.000 lugares), pouco mais da metade dos quartos estavam reservados até a semana passada.
Belo Horizonte tinha apenas 30% de leitos reservados. Os empresários mineiros torcem para que a seleção brasileira avance para a semifinal em primeiro lugar de seu grupo, o que levaria a equipe de Luiz Felipe Scolari à cidade no dia 26 e ajudaria a salvar o mês para o setor. Se Minas Gerais lamenta a falta de sorte na distribuição das partidas - Taiti x Nigéria é, disparado, o jogo com maior número de ingressos encalhados -, na Bahia a sensação é de que a própria Copa das Confederações não conseguiu atrair o interesse do turista. Afinal, a cidade foi premiada no sorteio das chaves com um clássico internacional, Brasil x Itália, no dia 19. Mesmo com ingressos quase esgotados para a partida, ainda há vagas nos hotéis de Salvador, onde a associação hoteleira local admite ter criado uma "falsa expectativa" para o evento. Ainda no Nordeste, Fortaleza prevê lotação máxima apenas no dia em que a seleção estará na cidade (enfrenta o México no Castelão, na quarta-feira 19) e o Recife prevê um aumento inferior a 10% em relação à ocupação média dos leitos.
De acordo com os representantes do setor, a baixa procura é preocupante não só pela perda de uma boa oportunidade de aumentar as receitas como também pelo desperdício de uma chance de ouro para ensaiar o atendimento aos torcedores para o Mundial. Mesmo nas cidades mais acostumadas a receber turistas, como Salvador, Rio e Fortaleza, o contato com o público estrangeiro de futebol - que não tem exatamente os mesmos hábitos do turista comum - seria um bom teste a um ano da Copa. Quase todo mundo saiu perdendo - alívio, só para as autoridades estaduais e municipais que atrasaram as obras de infraestrutura, como os projetos de mobilidade urbana e as melhorias no aeroportos. Para eles, a escassez de turistas veio a calhar, já que suas cidades escaparão de maiores constrangimentos até a chegada do Mundial.
Quem comprou ingressos para a Copa das Confederações
SEDE
MORADORES
DAS SEDES
BRASILEIROS DE
OUTROS ESTADOS
VISITANTES
ESTRANGEIROS
Belo Horizonte     
80,3%                
16,6%
3,1%
Brasília
80,7%
18,7%
0,6%
Fortaleza
69,3%
26,1%
4,7%
Recife
84,5%
13,4%
2,1%
Rio de Janeiro
65,3%
31,1%
3,6%
Salvador
74,2%
24,3%
1,5%
TOTAL
73,6%
23,5%
2,9%


Fonte:Veja.abril

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